Facas e luvas na sala de estar
E um revólver só pra disfarçar
Em cima da mesa Um lacre plástico pra imobilizar Mas você nem me deixou terminar A sobremesa Que indelicadeza
Eu fujo de você até na contramão
Por que você não solta o meu coração?
Eu não entendo (eu não entendo)
Agora que você cansou de brincar
Me deixe apenas ficar no meu lugar
Estou com medo (não sou brinquedo)
Um corte fundo e seco sem pensar
Nem houve tempo pra cicatrizar
O ferimento
E quando eu ia começar a falar
Minha garganta começou a sangrar
Que sentimento
Como ainda estou vivendo?
Eu fujo de você até na contramão
Por que você não solta o meu coração?
Eu não entendo (eu não entendo)
Agora que você cansou de brincar
Me deixe apenas ficar no meu lugar
Estou com medo (não sou brinquedo)
Eu só queria era viver
Tranquilamente podendo saber
Que o sofrimento vai parar
Acho que escutei a porta trancar
Eu fujo de você até na contramão
Por que você não solta o meu coração?
Eu não entendo (eu não entendo)
Agora que você cansou de brincar
Me deixe apenas ficar no meu lugar
Estou com medo (não sou brinquedo)
Existe uma certa burrice no altruísmo, não que eu ache que você não deve ajudar os outros, fazer o bem sem ver a quem te faz bem também. O problema é quando você se doa demais e não sobra nada, quando cada sorriso alheio é construído em cima de uma chaga sua. Masoquismo. Eu sou humano, o primeiro na arte de se por em segundo plano. Só existe desespero quando o outro vai embora e você se percebe vazio, todas as lagrimas que você segurou, e todo o orgulho que você engoliu, de nada valem. E a sensação de impotência e de desimportância só causam destruição. A culpa do seu auto-sacrifício é de ninguém mais se não sua, mas toda a alma que você doou parte com aquele que se vai, e te dilacera por inteiro, e te faz insistir, berrar, espernear.
Assim um até logo vira adeus, um talvez vira nunca. A esperança vira desolação. O passado não muda, mas ensina, e eu tenho que aprender a me amar melhor. Isso não é sobre amor, é sobre ansiedade, e sobre a dor da saudade da paz em mim.
Às vezes a gente precisa andar na direção oposta àquela que o nosso coração manda e isso nos dilacera por dentro, remói nossas entranhas, nos tira a paz. É horrivelmente difícil dar adeus, porém as vezes se faz necessário. Não há aprendizado sem dor e quanto maior a dor, maior o aprendizado, e se, no final isso tiver nos ajudado a ser uma pessoa melhor, valeu a pena.
Hoje preciso dizer adeus, mesmo contra minha vontade, mesmo com tudo o que eu sinto me implorando pra voltar atrás, é hora de amadurecer. Por muito tempo eu pisei nos meus sentimentos em prol da felicidade dos outros, me destruí inúmeras vezes pela chande de um dia mais, mas hoje não. Hoje sou eu que puxo o gatilho, eu vou ser o senhor da minha dor, do meu destino da minha paz. Eu nunca vou te esquecer, mas eu vou seguir em frente, por mim, por nós, pra que nossa morte não seja em vão. Acima de tudo eu estou dando adeus às correntes que me prendem, ao sagrado que me prende no chão quando que quero voar, adeus ao passado, ao remorso ao não dito, ao que poderia ter sido. Isso é maior do que eu, que nós, isso é sobre redenção.
But my feelings will never die,
And my love will always shine.