quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Uma noite a mais...

O rádio tocava Arctic Monkeys enquanto o céu rasgava de negro aquela tarde de primavera. Os amigos compartilhavam a juventude e a inocência próprias da idade, e conforme o sol ia se escondendo atrás daquele rio, o brilho ia sendo revelado por baixo da pele pálida daquelas almas anceosas por adrenalina.
Entre realidades alcóolicas e incertezas juvenis, as peças de roupas eram abandonadas no chão daquele apartamento empoerado no bairro boêmio da cidade esquecida. Os toques macios os beijos tenros e doces, a vida se mostrava ao longo das linhas curvas daqueles corpos. Corpos esses despidos de tudo: roupas, preconceitos, certeza. Apenas poesia exalando da física do atrito.
O sol se pôs e um grito foi ouvido ecoando do quarto. Eles estavam completos.
E mais um dia se põe sob o seio da luxúria.

Tenha um dia cheio de cor.

O que sobrou de nós...

Passaram-se dias em silêncio, como se pudessem... ambos imersos em infindáveis pensamentos de dor e sofrimento. Ele alimentava por ela um desejo já expresso, enquanto ela, por sua vez nutria uma amizade terna e fraternal... Ah, o velho dilema, de certa forma ele também apreciava sua amizade, mas achava injusto que os toques não pudessem passar de abraços e beijos no rosto.
Queria mais, mas não sabia como... achou que um afastamento fosse a tática mais eficaz, pensava que recomeçar do zero lhe traria os benefícios que a proximidade lhe tirara. A dor de não poder falar com quem se ama, presente de volta num romance moderno... Vidas passam, dias se vão, e os dois seguem sem se falar, como pura prova de amor e amizade.

Tenham um dia cheio de cor.